Desconfiança

Ando meio desconfiado. O meu corpo é uma sentinela que perdeu a capacidade de improvisar. Queria que tudo coubesse na circuvizinhança do meu olhar. Tenho vivido uma longa noite da qual quero ser o vigia, por isso permaneço atento, quero tudo à minha vista. 

Meu Senhor, de onde tirei toda essa suspeita? Não será dessas circunstâncias nas quais Tu mesmo me metestes? Não será por todas essas coisas da vida que invariavelmente tem cor cinza e só sabem me dizer não? Minhas manhãs ficaram pequenas, e com elas aprendi que esperar não vale a pena. 

Tudo o que eu espero é frustração, estou sempre preparado para recusas. Não encontro mais fisionomias que me saúdem, ou vai ver fiquei cego pelo hábito da escuridão.

Meu Senhor, por que ando tão desconfiado? É porque não quero mais sofrer. Não tolero mais ficar triste e ainda me acho forte por isso.

A verdade é que tenho medo da minha dor, temo que a minha tristeza me destrua. Temo que ela me esmague como uma pedra sobre o corpo de uma formiguinha. Lembro constantemente que a minha aflição é grande, ela é maior do que eu.  Por isso fujo, de Ti e de mim mesmo.

Tento me distrair. Me ocupo de entorpecimentos, sou alguém que coloca um lençol sobre um espelho. Mas eu sempre estou comigo, de maneira que, nada do que eu faça é suficiente para que eu me esqueça de mim e das minhas circunstâncias. Me pergunto: por que ao menos não sou consolado?

É porque não quero depender. Não me abandono. Não me entrego. Não confio em Ti. Para minha vergonha me descubro então desconfiando  de quem Tu és. É a minha auto-cofiança que me faz desconfiar de Ti.

Como ousas, minha alma, desconfiar Daquele que sempre foi fiel? Olha para trás, olha ao redor! Como ousas apostar tua esperança na tua própria razão enquanto sempre fostes infiel e digno de todo descrédito? Desconfia de ti, minha alma! Desacredita de ti que muda a todo instante.

Volta-te novamente para Aquele que não muda. Retorna para a sombra de suas Asas. Lembra que a despeito das circunstâncias, Ele permanece o mesmo, ontem hoje e sempre. Abandona-te Nele e, então terás o consolo de que tanto precisas. 

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Comentários

  1. Ótima reflexão. Sim, nossa autoconfiança nos pressiona a não nos "abandonar" nos "braços" do único Deus vivente. E, aí, nosso frágil censo de desconfiança esturra mais alto.

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Neemyas Dos Santos
Um pecador salvo pela graça de Deus, marido da Lívia, uma mulher cuja alma é semelhante a um carvalho. Psicólogo e Mestre em Psicologia. Atua como Psicólogo Clínico da Universidade Federal do Maranhão.