A Doença da Precocidade: na Adolescência e Adultez


 A adolescência não é mais uma fase de transição. Ela se tornou o ápice do desenvolvimento humano na cultura ocidental. Quando a criança alcança a puberdade, ela se descobre no topo da existência. A euforia do adolescente precoce lhe surpreende, mas por pouco tempo. Logo ele se dará conta de que não chegou ao cume de uma montanha, mas em um planalto sem fim.

Antes, o adolescente recusava os padrões adultos, para depois os abraçar. Ele procedia assim porque não queria ser apenas mais um, ele queria ser alguém. A recusa inicial é necessária, pois durante esse processo, o adolescente tem a oportunidade de se inventar. Tudo isso, porém, se fazia a partir dos padrões dos adultos. Mas o que nós fizemos? Nos tornamos eternos adolescentes! O maior fetiche da sociedade atual é a recusa permanente dos padrões. O padrão é não ter padrão. Parece haver um caráter lúdico, rebelde e inconsequente na famigerada desconstrução de valores morais.

Nosso tempo é o pior pesadelo de qualquer adolescente: Todo mundo é adolescente. Lição ensinada em "Beleza Americana"(1999). Eles não têm sequer com quem se rebelar. Não é de se estranhar que andem por aí tão entediados. Os adolescentes têm de lidar com seus pais como se estes fossem seus iguais. Que terror! Evitando velhice, os adultos retrocederam a um estágio anterior do desenvolvimento. Freud deu a este mecanismo de defesa o nome de regressão. Ninguém quer ser adulto.

Tempos atrás, a principal via de reconhecimento no mundo adulto era o casamento e a família. Com o esvair dessas instituições, a adultez se tornou uma adolescência perene. Como eternos adolescentes, os adultos querem permanecer eternamente desejáveis e invejáveis. Seja no corpo, seja na profissão, seja na carreira. Querem evitar qualquer coisa que lhes roube o brilho da eterna juventude. São apaixonados por causas, porque obviamente é mais fácil se comprometer com ideais do que com pessoas de verdade. O adolescente está sempre comprometido consigo mesmo antes de qualquer coisa. Isso é normal dentro de uma fase do desenvolvimento, mas como ideal de homem é, no mínimo, assustador.

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Neemyas Dos Santos
Um pecador salvo pela graça de Deus, marido da Lívia, uma mulher cuja alma é semelhante a um carvalho. Psicólogo e Mestre em Psicologia. Atua como Psicólogo Clínico da Universidade Federal do Maranhão.