O Formulário


Certo homem, tendo morrido, chegou aos portões celestiais e perguntou: “A quem tenho de prestar contas?”. O anjo lhe respondeu: “Coisa alguma, toma aqui este formulário, faz uma autoavaliação de quem fostes e depois deposita-o na urna. Se a tua consciência não te condena, sê benevolente para com tua alma e terás descanso eterno”.

Mesmo sem graça, o homem logo tratou de preencher o papel. Nunca poderia imaginar que seria tão simples assim. Por um instante, sua consciência lhe relembrou alguns pecados ocultos, mas logo tratou de esquecer, afinal se julgava um bom sujeito. “A quem deveria prestar contas, senão a mim mesmo?”, concluiu.

Sem perder tempo, depositou o papel na urna e seguiu em direção à entrada do Paraíso. Porém, pouco antes de entrar pelo portão, ouviu quando o Anjo bradou: “Que entre o próximo!”. Elevando os olhos, viu que a próxima alma a prestar contas era a de seu vizinho, homem terrível e cruel, que por acaso, lhe havia seduzido a esposa. Para aquele homem, o inferno começou quando viu que o anjo entregou ao seu vizinho o mesmíssimo formulário.

Que diferença haverá entre o céu e o inferno, quando os homens crerem que no final, a si mesmos terão de prestar contas? Como, então, podes tu crer que somente a ti mesmo terás de prestar contas?

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Neemyas Dos Santos
Um pecador salvo pela graça de Deus, marido da Lívia, uma mulher cuja alma é semelhante a um carvalho. Psicólogo e Mestre em Psicologia. Atua como Psicólogo Clínico da Universidade Federal do Maranhão.